13 de jul. de 2008

.elke, absurdamente provocativa e inteligente.


Em recente entrevista, perguntaram pra essa beleza de cabeça:



Pergunta: Você nasceu em fevereiro de 1945 e é filha de um russo e uma alemã que se conheceram no combate. Você acredita mais na guerra ou na paz?


"Sou filha da guerra. Acredito na paz, mas nós não estamos prontos para ela. A gente não pode ter paz por enquanto. Não agüento as pessoas que ficam pedindo paz, paz, paz. Quando um nobre, como minha mãe, casaria com um russo fodido? Só na guerra mesmo. Na guerra, ninguém é nada, ninguém é rico, nem nobre, nem porra nenhuma. A guerra nos nivela. No Brasil, o fato é que nós só excluímos, excluímos, excluímos pessoas... E não preciso ser socióloga para saber o elementar: se tenho um brinquedo e não divido com meu irmãozinho, um dia ele vai pegar o brinquedo na porrada. E é isso que nós fizemos. Nós somos bonzinhos [diz em tom irônico], mas deixamos nossos irmãos na fila do Inamps."






fica a dica pra "pençar".

10 de jul. de 2008

.O que ando fazendo.

Dei pra ouvir, incansavelmente, música erudita. Em especial, o primeiro movimento da bachiana número 4 (Villa-lobos), e o andante cantabile opus 11 de Tchaikovsky.

Dei pra ler, ininterruptamente, poesia. Em especial, Álvaro de Campos, o que me acerta mais em cheio as feridinhas da alma.

Feridinhas que dei pra sentir, agoniadamente, a cada frustração e provação vivida.

E por que? Porque a vida às vezes cansa, e às vezes me diz tudo. Num lampejo que nem sempre consigo captar, de tão fulgás que é, mas me diz. Tudo. Tudo que sempre quis saber.

E é nesse lampejo que sorrio além do habitual, mas baixinho. Lá dentro do coração, só pra mim. Na hora que aprendo coisas. E as deixo, como criança pequena fazendo trela, bem escondidas, onde só eu saberei achar: ao som destas músicas e de um aparente cansaço vital; que transborda quando Álvaro apenas transcreve o que eu digo baixinho pra ele:


Mas eu, em cuja alma se refletem
As forças todas do universo,
Em cuja reflexão emotiva e sacudida
Minuto a minuto, emoção a emoção,
Coisas antagônicas e absurdas se sucedem —
Eu o foco inútil de todas as realidades,
Eu o fantasma nascido de todas as sensações,
Eu o abstrato, eu o projetado no écran,
Eu a mulher legítima e triste do Conjunto
Eu sofro ser eu através disto tudo como ter sede sem ser de água.

Não, não é cansaço...
É uma quantidade de desilusão
Que se me entranha na espécie de pensar,
E um domingo às avessas
Do sentimento,
Um feriado passado no abismo...

Não, cansaço não é...
É eu estar existindo
E também o mundo,
Com tudo aquilo que contém,
Como tudo aquilo que nele se desdobra
E afinal é a mesma coisa variada em cópias iguais.

Não. Cansaço por quê?
É uma sensação abstrata
Da vida concreta —
Qualquer coisa como um grito
Por dar,
Qualquer coisa como uma angústia
Por sofrer,
Ou por sofrer completamente,
Ou por sofrer como...
Sim, ou por sofrer como...
Isso mesmo, como...

Como quê?...
Se soubesse, não haveria em mim este falso cansaço.

(Ai, cegos que cantam na rua,
Que formidável realejo
Que é a guitarra de um, e a viola do outro, e a voz dela!)

Porque oiço, vejo.
Confesso: é cansaço!...




Mas um cansaço por não aprender a viver. Pois preciso deixar de ser egoísta e aceitar o mundo com todas suas magníficas imperfeições. Às vezes acho que me cobro demais, sabia? Ou cobro demais de tudo?

Meu narizinho vem abaixo.

E em todos os concertos que tenho ido, tenho chorado absurdamente ao som de músicas como esta, ouvidas ao vivo e que abafaram milhares de gritos meus.

4 de jul. de 2008

. resumão .

a gente finge que tá tudo bem, engole o choro, e bola pra frente, que atrás vem gente.