30 de jun. de 2008

.viva la vida!.




"tão leve deve ser meu coração, minha essência, que dá até medo de voar - como um padre, por exemplo, que fez isso com balões... artifícios de substituição??


e se eu voar, me perder e sumir pra sempre?".

28 de jun. de 2008

.carente profissional.

É ele, o grande poeta marginal, o Cazuza, que fala de coisas nada marginais.
É ele, que fala por mim hoje.

E é ela, Ana Cañas, no auge de seu vigor e talento (que mulher é essa, meu deus?), que traduz na voz essa puta poesia:


http://www.youtube.com/watch?v=HW2t28cE5-8


Tudo azul
No céu desbotado
E a alma lavada
Sem ter onde secar
Eu corro
Eu berro
Nem dopante me dopa
A vida me endoida

Eu mereço um lugar ao sol
Mereço
Ganhar pra ser
Carente profissional

Se eu vou pra casa
Vai faltando um pedaço
Se eu fico, eu venço
Eu ganho pelo cansaço
Dois olhos verdes
Da cor da fumaça
E o veneno da raça

Eu mereço um lugar ao sol
Mereço
Ganhar pra ser
Carente profissional

Levando em frente
Um coração dependente
Viciado em amar errado

24 de jun. de 2008

. ... .

em cada palavra pulsa um coração.
em cada momento, meu, pulso mais por vida, e sei que correspondo.

a cada batida do meu coração o pulso que eu sinto torna-se mais intenso.
a cada correspondência feita analiso as palavras pulsantes.

concluindo que
[eu só queria ser feliz assim como não sou.
a bem da verdade, eu só queria ter a calma dos pequenos poetas, pra viver sossegado com poemas medíocres.

11 de jun. de 2008

.sinto pela distância, mas com a alma a gente se entende. .


d
e um cais para o outro
eu de um lado, ela do outro,
a gente vê o inevitável passar:
o rio mofado dizendo coisas no seu silêncio de pesado
e a gente se olhando, se olhando, não dizendo mais nada;
- então juntos, braços estendidos um para o outro,
formamos das mãos, do coração e do lodo
a ponte que solidamente nos une
de um cais para o outro, o amor afinal.


(para felicidade igual a amor).

9 de jun. de 2008

.quarto vazio.

Nunca implorei solidão sentimental.

A bem da verdade, sempre quis dizer que amava, com a paciência de um sábio, as coisas mais insanamente belas desta vida.

Porém, nunca um arrependimento forçou tanto uma dor que já me era natural.

Meus dentes que o digam; meus dentes estão todos podres, de uma culpa quieta. Mas pesada. De tantos sorrisos amarelos gastos no tempo que eu implorava pra voar.

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Concluindo-se: que sempre quis dizer daí que te amava. Tu, alma de dentes claros qual a chuva.

Mas também eu não poderia chegar assim e amar-te como se ama... sei lá, um guarda-chuva? Também depende do contexto de amor. E da chuva que faz de surpresa a gente amar mais que nunca um guarda-chuva, assim como dois mais dois são quatro e o amor se resume no dois mais três cinco.

Eu só queria amar-te assim como eu amo.

Eu só queria sorrir com dentes brancos.

Só assim eu sentiria a chuva, tonto tonto de amor.

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(mas a gripe quem sabe eu sentisse).

8 de jun. de 2008

.boa vista.

Flores. Dores.
Certa vez visitei o mercado das flores.
O perfume exalado era de rua.
Uma mãe chorava o filho morto comprando lírios
e a vendedora sorria com a nota fubenta recebida de um real.
Uma rosa chorava murcha seu fim pisada no chão
E o cravo magoava intenso em algum espinho de minha alma
um saraband de Bach para eu jamais esquecer
aquilo o que atordoa:
o mercado das flores,
o bar da Cachorra logo na frente,
com dúzias de homens, galhos secos
Embebidos no álcool e com semblantes de esterco
jogados ao nada na vida dura do Recife.

5 de jun. de 2008

.momento.

Neste momento
seria muito mais fácil falar de estrelas
simplesmente estrelas
carudmes perdidos da última noite cheia de lua.

Ou cairia melhor
simplesmente melhor falar de discos
músicas
a última do mês
(músicas e quedas)
cairia melhor, primeiramente.

Nada me escapa às mãos.
As próprias é que me escapam
dissolvem conversas na boca
como pastilhas de tato,
ultimamente.

É assim, tem sido assim, que momento é este, meu Deus?
Boca árdua, infatigável, de não dizer de céus, estrelas, cardumes, radiolas, deslizes e coisas
sempre, sempre, sempre. Sempre neste momento gélido.
E onde está a boca que não quer calar? a consciência da fuga levou-a.

Mãos, mãos. Simplesmente elas, fugidias, errantes por paz, sossegadas de tanto tremor
querem falar e não conseguem
permitem-se hablar dores à causa injusta
de um toque não vindo, não ido, não verbal -

"as mãos escapulidas morrem com todo o afago do silêncio inexistente".


E por elas? Isto é indagação.
Estão nas estrelas, cardumes perdidos da última noite cheia de lua.
Estão no disco que eu gosto
Músicas
Sempre
Isto é resposta.


A dúvida eterna e intensa, a dívida dos desesperados - isto é a resposta.
É apenas tudo isso em somente um momento.
Tão pouco instante que perpetua minha vida.

3 de jun. de 2008

.só assim eu soube.

me olhei tão fundo
nos outros olhos, os do amado
que caí de voraz e tudo
na perdição de um abismo com fim -
caí, caí, caí e alcancei
cheguei sem ser ileso nos poros de su´alma -
me destruiu só usando suas retinas cortantes
e eu me misturei naquele sangue
bebi das delícias que o fazem
e morri, morri, morri num beijo tão preemente
(olhando aqueles olhos)
que ali mesmo eu jazi,
fundido nos poros daquela alma incandescente.