16 de dez. de 2007

... ... domingo;

Não sou assim, aquele tipo de cara que não tem cara e faz cara de cu. Eu sou diferente, embora nem tanto.
Não sou assim, ledo tipo e engano que outros supõem com tanta propriedade.

Ah, direis. E quem és, então?


Boa pergunta. Nem mesmo metade desta garrafa vazia, em sua mais cruel e alcóolica solidão, é capaz de me dizer. Ou talvez eu não tenha arrogância suficiente pra encarar quem eu sou - de fato. O medo gela minha espinha como o frio de uma sala de cirugia vazia, apenas ensagüentada da incisão anterior.

Acho que é isso. O medo é que me deixa tão mal, e tantas escolhas e o mundo e a vida e todo o resto martelando e espancando minha alma. Incidindo e 'Incisindo' minha alma.Embora a garrafa esteja metade vazia.

E como diz cibelle, "na magia de um dia-a-dia" eu esvazio a outra metade com a lentidão e a precisão de um mestre em fazer cara de cu. Que são milhares, né? Aí me pergunto: como eles conseguem ser só isso? Porque sim, eu posso até fazê-la, mas também tenho a minha cara! Mas só se for agora. Neste exato instante e nunca mais a não ser no próximo instante. A sós. Quando não houver ameaças, ninguém e apenas minhas lágrimas chorando de medo de mim mesmo(será que também todos e eles são assim?). Procuro a resposta e não acho. Apenas o frio de uma sala cirúgica ensangüentada. De sangue dos outros.


Mas é tão melhor ser gente.
E tem as contas do mês pra pagar, né?

Ah, do que eu tava falando mesmo?
Péra, o fone tá tocando.






.








atendo e sem nem saber quem é já disparo: ainda pego o vôo mais próximo.





















(dedicado a rafael, que me inspira a vomitar pra fora. É, porque pra dentro dói e fica o gosto amargo).

26 de nov. de 2007

...

Viver quer dizer viver as dificuldades, ponto. Eventuais perdas servem para nos ensinar sobre muitas coisas, ponto. Olhar pra si e pros outros, e se compreender como parte de algo maior, é assustador, ponto. Já olhei pros que estão ao meu redor hoje? Digo, olhar de fato, com a alma?

Acho que não. Um sorriso, ou gentileza, ou segurança de saber como agir, às vezes tudo faz falta.


Ponto.



Vai em paz, minha querida tia. Daqui ficam as boas lembranças e uma perseverança incrível pela alegria arraigada de viver - força com a qual ela assombrosamente gritava e me enchia de arrepios de vida.



Murilo Mendes me salva nessa hora ( e a Ju, grande Ju, que no alto de nossa distância física me presenteia com algo tão belo, e intenso, e angustiante, e vivo).



"Passam meses e anos perto de nós,
Rodeiam-nos, sentam-se com a gente à mesa,
Comentam a guerra, os telegramas,
Discutem planos políticos e econômicos,
Promovem arbitrariamente a felicidade coletiva.
Conhecem nosso paletó, camisa e gravata,
Nosso sorriso e gesto de mover o corpo.
Têm medo de nos tocar, não conhecem nossas lágrimas.
Que sabem do nosso coração, do nosso desespero, da nossa comunicabilidade.
Que sabem do centro da nossa pessoa, de que são participantes.
... Subúrbios longínquos, esses homens

Entretanto, cada um deve beber no coração do outro.
Todos somos amassados, triturados:
O outro deve nos ajudar a reconstituir nossa forma.
O homem que não viu seu amigo chorar
Ainda não chegou ao centro da experiência do amor.
Para o amigo não existe nenhum sofrimento abstrato.
Todo o sofrimento é pressentido, trocado, comunicado.
Quem sabe conviver o outro, quem sabe transferir o coração.
Ninguém mais sabe tocar na chaga aberta:
Entretanto todos têm uma chaga aberta."

11 de nov. de 2007

diges(tão) complicada.

...desta vez não é um vazio, e sim tudo reincidindo ao mesmo tempo. Mas tanta coisa não resulta em nada. De fato, uma maratona "teatro-cultural" possibilita descobertas, entendimentos... longos papos by the way, nina simone ao fundo (já tá constante) e os mistérios da vida cada vez mais marcantes. Mas a vontade de subir no palco e gritar pro mundo é tamanha que eu gritaria tanta coisa...que eu sequer sei! ou soube, ou saberei.
a gente passa voando na vida, dá tempo de entender algo?
vou gritar mais alto em busca de mim e do que quero.

e o que eu quero? neste momento eu quero dormir, sono confuso com sonhos deliciosos.


neste momento eu quero ler, sei lá, sartre.

neste momento eu quero reler um poema velho, achado num baú encravado lá longe de mim.



"a parte que soluciona
o mistério das coisas
é pequena se medida
ao tamanho do mundo
que habita todo a minh´alma.


sentimento das coisas
que me impele a dizer
mesmo que não comovido:
que o mundo é belo.
já as coisas que o habitam, não sei:

- é um mistério."





neste momento sorrio... com um sol lindo lá fora, que mesmo "lá fora" encontra-se bem perto de mim - basta olhar que os olhos brilharão.
e a maratona continua, saber das coisas, tentar saber ou se levar na torrente nossa de cada dia.


acho que preciso digerir muita coisa ainda do que vi. Mas é como se eu já soubesse de tudo.

10 de nov. de 2007

classuda!

... e este blog com ares pop, quem diria.


mas é porque as fotos promocionais do kylie X estão de um bom gosto indiscutível... e eu postei as melhores (na minha humilde opinião de aspirante a fotógrafo, huauha).




have fun e bom weekend pra todos.




teatro, compromissos de última hora e assim gira a vida.

7 de nov. de 2007

imagem e... ação?


pérolas após horas de álcool e imagem e ação:




aerodesfile! aerodesfile!
autópsia! faculdade! rosa! panfletagem!
kart! kart! carta... kart! kart!
verbo de ligação...!



huahuahua, ninguém vai entender p#$@ nenhuma disso aqui.

6 de nov. de 2007

farpinhas de egos.


Adoro as alfinetadas do mundo musical. É como se cada músico não garantisse um savoir-faire do seu trabalho. Pois bem: o
Ian Brown, ex-Stone Roses, disse que o prêmio dado para Kylie Minogue como "Ícone do Ano" não estava certo, pois sua música era "um lixo". Kylie simplesmente respondeu: "No campo do POP é fácil dizer que eu não sou uma artista. Bem, tudo que você faz é talento artístico, e não estou por aí há 20 anos só por sorte".

Hahuahuauha, adoroo!


Cdzinho novo de tia kylie (chamado simplesmente de "X") chegando dia 26... e eu sem quase dormir direito, ferrado de ansiedade... tá super anos 80, pelo preview das músicas, e eu amandoo!


prévia de Magnetic Electric, um b-side do cd... saído hoje do forno.

http://www.zshare.net/audio/47069115f15f8a/








5 de nov. de 2007

acho plausível.

com a última noite do feriadão (maravilhoso,por sinal) vai indo embora também a perspectiva de uma ausência... única e indiscutível vontade de cura de mim mesmo.

não por acaso, o media player começa a tocar wild tis the wind... com nina simone me massacrando a cada tecla do piano. E as ices que encontrei por acaso na geladeira de casa começam a ser esvaziadas...

fica a sensação do álcool, do peito rasgado no meio e da felicidade que passei nesses três dias. É, felicidade simples, calma... tranquila, de reconhecimento. Emoções opostas, sentimentos contrários, explosão de momentos... tudo equilibrado na instabilidade do meu momento. Acabo achando um poema esquecido de tanto tempo no meu computador... oriundo de um momento inspirador que não me lembro. E como o acho "plausível" pra ocasião,rs.


"só sei que o corpo está cheio
e o vazio toma conta do sangue;

presta-se conta com o fio do corpo
e o vazio inunda o nada,
o corpo que é vazio.


por isto o anticorpo,
a negação do corpo,
a putrefação da carne.
o estouro do sangue doente de vazio.


só sei que o copo está cheio
e o cheio escoa da boca
[e das narinas;

presta-se conta com o fio do corpo
e o fio costura a veia
pulsada de vazio.

tanto,tanto vazio
que o corpo se torna cheio de um vazio
em estado sublime


e se vai, e se vai, e se vai.



é, negar o vazio
dói ante o corpo."

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e a música acaba, as lágrimas secam e me sinto pronto pra viver e ser feliz. A sensação de que finalmente achei caminhos e cabos pra ser feliz. Epifania em detalhes que agradeço aos deuses por terem acontecido.


não é à toa que nina agora canta becomes the sun. E eu sorrio molhado.