13 de abr. de 2008

.pequena crônica estética.

E foi assim, de uma só vez, que a Margarida passou a comer menos, e menos (e menos) – até morrer e ser enterrada com pompas, sem uma causa certa de sua precoce morte. Explicações lógicas e místicas à parte, fora transferida anos depois – em esqueleto – para um ossuário ante a insistente consternação dos parentes ditos próximos.

Os mistérios da vida, pronunciados como inexoráveis, parecem ser tão simples quando um fato desmistifica o outro e assim sucessivamente: as ações se encandeiam. A pobre Margarida, que de pobre não tinha nada, queria era ficar com o corpitcho de esqueleto que agora putrefata ostentava. E deixou de comer, e deixou de comer, e morreu desejosa por uma suculenta lasanha.

E, dito isto, assim se foi. Objetivo consumado, parentes perdidos no meio da vida sem entender os mistérios que a circundam, tudo prosseguindo etc e tal.

E assim foi que a vida continuou, com os fartos almoços de domingo em família e a Margarida mofando no salitre dos vermes, arrependida por ter morrido de fome e não de plástica – teria dado bem menos trabalho.