20 de mai. de 2008

.ah,mar.

Hoje eu vi o mar. É, o mar. E estava tão lindo... naquela sua maresia indignada, cobrindo meus pés em toque de seda, suavidade azul-marinha. E de uma calma ampla, vagas sedutoras...

Tudo dava medo. Um medo sedutor. Porque tudo ali era tão belo. Porque eu já havia chegado com medo.

E eu com este medo corria fofo e sem fim, pela areia acordada sob pegadas, rastros perdidos de pessoas e pensamentos, e meu pensamento perdido nas pessoas - a lua gritava mansa que ali bem em cima estava, reluzindo nas minhas pupilas seu tom de lâmpada florescente. Não havia dúvidas de que ela quase me cegava, tamanho seu brilho assombroso. Brilho que cegava o espírito.Navalhava meu coração em quinze mil pedacinhos, todos levados ao mar.

- mar de prata, turquesa. verdejante. quase infinito.que chega até a áfrica.até o japão.até minha casa.até à areia.

- areia calejada de mil pés, mil vidas, mil toneladas de água e sal. sorrisos com gosto de areia.


Vai, vem. vai, quebra. vem. vem, vai. vai: e o alumbramento de estar ali vinha sem ser em pedaços, de uma vez só. e doía, de tão grande que era. mal coube neste coraçãozinho repartido, jogado ao mar e não por oferenda.



SIM, SIM, porque era uma angústia que não queria calar, entrecortada entre o barulho das ondas sem fim! e meu grito foi abafado por tanta coisa, tanto barulho, tantas ondas, meu querido deus!

Senti o peso do mar todo nas minhas costas.
Mas nem doeu, porque mal olhei pra tudo isto. O foco era o que estava por cima das pegadas: EU.EU.EU. Indo, vindo, indo e vindo. E me sentindo vivo, num ímpeto de estar passível a tantas possibilidades de caminhos: caminhos que sempre levam pro mar.